
Mais do que simplesmente "linguagem" ou uma forma de usar as palavras, o que faz um texto ser "literário" ou não depende mais da forma em que as pessoas ou uma sociedade em geral se dispõem a ler um texto.
Um texto científico pode usar metáforas, assim como uma receita de bolos pode usar rimas (dois recursos linguísticos que são considerados literários). Mas o que irá definir se um texto é considerado literário ou não será a disposição do leitor em ler o texto de forma "literária" - de considerar todos os sentidos possíveis, todas as conotações das palavras, todos os duplos sentidos, as inferências, etc. de um determinado texto.
Portanto, existem inúmeros recursos estilísticos (como figuras de linguagem, rimas etc.) que são usados em textos literários, mas não será apenas isso que definirá um texto como literário ou não.
Num texto não-literário, o leitor vai considerar apenas o sentido óbvio daquilo que está escrito, não vai ficar imaginando se têm outras possibilidades de interpretação, como a gente faz com os textos que consideramos literatura.
Enfim, as figuras de linguagem, o ritmo, a rima, a versificação, são mais usados em textos literários. Mas, apesar disso, também podem ser usados em textos não-literários, embora geralmente sejam usados muito menos.
Relacionando o texto literário ao não-literário, devemos considerar que o texto literário tem uma dimensão estética, plurissignificativa e de intenso dinamismo, que possibilita a criação de novas relações de sentido, com predomínio da função poética da linguagem. É, portanto, um espaço relevante de reflexão sobre a realidade, envolvendo um processo de recriação lúdica dessa realidade. No texto não-literário, as relações são mais restritas, tendo em vista a necessidade de uma informação mais objetiva e direta no processo de documentação da realidade, com predomínio da função referencial da linguagem, e na interação entre os indivíduos, com predomínio de outras funções.
1.1 A produção de um texto literário implica:
· a valorização da forma
· a reflexão sobre o real
· a reconstrução da linguagem
· a plurissignificação
· a intangibilidade da organização lingüística
Ao ler um texto literário ou ficcional , temos de levar em conta as relações entre as figuras da enunciação que participam deles. Cada uma dessas figuras tem um lugar e um papel na produção de sentido do texto.
AUTOR Empírico -> Enunciador -> Locutor
. É a voz que se manifesta no texto( o narrador, o sujeito poético, o eu-lírico, etc.).
. Pode dar a palavra a outros locutores secundários.
. Assume um ponto de vista de enunciação( enunciador).
. Não se confunde com o autor real.
. É a máscara linguística desse enunciador dentro do texto.
TEXTO
. Tecido verbal
. Enunciado
. Produto da enunciação
. Conjunto de formas linguísticas que materializam o universo criado.
LEITOR empírico -> Destinatário -> Alocutário
. Leitor previsto ou representado no texto pelo locutor.
. Às vezes, o locutor dialoga com esse leitor.
. Pode ser inferido a partir da fala do locutor.
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